Educação Integral e Caminhos Marciais (Educam)

por: Bárbara Fernandes, estagiária em graduação, ObEXC
07/03/2018 - 13:46 - atualizado em 07/03/2018 - 13:46

Em atuação desde o ano passado, o projeto "Educação Integral e Caminhos Marciais (Educam)", coordenado pelo professor Guilherme Amaral Luz, continuará em 2018. O Educam é um grupo de estudos no qual os participantes desenvolvem reflexões teóricas sobre o ensino de artes marciais articulado a paradigmas de educação integral, de difusão cultural e de formação ética e cidadã.

Trabalhando dentro da linha extensionista esporte-lazer, o Educam começou simultaneamente ao programa "Caminhos Marciais, Humanidades e Educação Integral”. O coordenador da ação explica que ambas as iniciativas são desdobramentos do projeto piloto "Kung Fu: interfaces entre prática de arte marcial e ensino e aprendizagem em humanidades". Segundo Luz, no ano passado houve a construção do grupo de estudos, o Educam, visando estudos que fornecessem sustentação a projetos de caráter mais práticos e experimentais, que são desenvolvidos em escolas, centros culturais e bairros.

O objetivo do projeto é construir, coletivamente, material didático sobre os aspectos sociais e culturais da prática contemporânea de artes marciais chinesas, trabalhado a partir de linguagem acessível ao grande público, porém, sem perder densidade conceitual, teórica e metodológica própria das ciências humanas, da filosofia e da história. O grupo é constituído pelo professor do Instituto de História (INHIS), Guilherme Luz, Fabrício Pinto Monteiro (professor de História da Educação Básica e professor de Artes Marciais Chinesas), Sara Giffoni (professora de Geografia na educação básica e instrutora de Tai Chi Chuan da Família Yang) e Lucas Augusto Neto (aluno do curso de História da Universidade Federal de Uberlândia - UFU e praticante de Karatê, estilo Kenyu Ryu).

O grupo de estudos trabalha a extensão por meio de propostas de intervenção social e de forma indissociável à pesquisa (investigações) e ao ensino (formação de professores). Para 2018, Luz conta que a ideia é transformar o grupo em um espaço capaz de trazer questões formuladas na prática (de ensino de artes marciais) e trabalhá-las do ponto de vista da academia, em diálogo com a sociedade. “Buscamos potencializar e qualificar estas práticas na direção de modelos de educação integral, entendendo-a como formação humana, indissociável do universo da cultura e do diálogo intercultural”, afirma.

A institucionalidade do Educam é garantida por meio da Pró Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc/UFU). O coordenador do Educam esclarece que a partir desse momento, o projeto deixa de ser só dele e passar a ser da Universidade. A UFU, aqui representada pela Proexc, é um instrumento de desenvolvimento local e regional, diante disso, Luz elucida que a ligação projeto-Pró Reitoria, gera maior visibilidade e possibilidade de parcerias na cidade. “Ela atrai estas parcerias, pois possui prestígio e credibilidade”, garante. Por meio dessa regularização da ação, os alunos vinculados a ela podem desenvolver atividades extracurriculares e tê-las reconhecidas como parte da formação.

De acordo com Luz, apesar de Uberlândia ser uma cidade rica e importante no contexto regional e nacional, ainda é deficiente no que diz respeito a oportunidades de lazer, educação de qualidade e cultura. “Queremos trazê-las (as artes marciais) como janelas por meio das quais o jovem pobre (ou não) de Uberlândia e da região possa constituir novos diálogos com o mundo”, ilustra ele. Nesse cenário, seu projeto propõe transformar a prática da arte marcial realidade nas escolas públicas da cidade, na zona rural e na periferia.

Como professor do INHIS, o proponente do Educam percebe que os cursos de Licenciatura de modo geral sofrem mais com a falta de perspectiva profissional e com a evasão da universidade e que é função do corpo docente promover espaços criativos nos quais os estudantes possam se encontrar e explorar novas possibilidades acerca da sua profissão. “Este projeto abre possibilidades novas (até desconhecidas) para serem exploradas”, assegura. Além de ser um projeto de extensão, o Educam também compreende o campo da transdiciplinariedade. Segundo seu coordenador, envolve discussão sobre os limites entre o lazer e o aprender. Em certo sentido, busca desconstruir tais fronteiras. Do mesmo modo, busca quebrar a dicotomia que separa o desenvolvimento cultural do desenvolvimento físico das pessoas.

Guilherme Amaral Luz é professor do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desde agosto de 2004. Possui graduação, mestrado e doutorado em História na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Desenvolveu estágio pós-doutoral no Departamento de História da Arte da University of Warwick (Coventry, UK). Desenvolve projetos ligados à prática de artes marciais do leste asiático e o ensino e a aprendizagem de humanidades na educação básica. Para isso, buscou formação complementar como instrutor de artes marciais chinesas. Também possuí um blog, em que publica reflexões ligadas ao grupo de estudos “Educação Integral e Caminhos Marciais (Educam)” e informações sobre os projetos.

 

Serviço - Equipe Observatório de Extensão e Cultura (ObEXC Proexc): Bárbara Fernandes, estagiária de graduação em Jornalismo; Eduardo Gomes, estagiário de graduação em Design; e supervisão de José Amaral Neto, coordenador do ObEXC.